Impactos dos novos sistemas de avaliação internacional de projectos e instituições de I&D

Os sistemas de avaliação de projectos e de instituições de investigação da FCT foram construídos à custa de procurar conjugar e seleccionar o que de melhor se afirmou nas agências estrangeiras financiadoras de actividades de C&T, em particular, a ênfase na avaliação de resultados, a adopção de referências internacionais de qualidade, a participação dominante de avaliadores estrangeiros, a adopção de um número reduzido de critérios de classificação de mérito sintéticos[1], a interacção directa entre avaliadores e avaliados, a avaliação rigorosa e transparente de instituições de investigação.

É já visível que os novos sistemas de avaliação tiveram efeitos marcadamente positivos no aumento da qualidade dos resultados e no aumento da produtividade.

A evolução comparativa do crescimento que se verificou desde 1990 em publicações científicas e o crescimento de investigadores (ETI) é particularmente interessante quando se compara o caso português com o dos outros países da UE, Figura 18.20. Nesta figura representam-se no eixo vertical as publicações em cada ano relativamente a 1990 e no eixo horizontal os investigadores (ETI) em cada ano relativamente a 1990. Num gráfico deste tipo, uma evolução ao longo da diagonal corresponde a um aumento com produtividade constante. É evidente nesta figura uma tendência de evolução da larga maioria dos países da UE ao longo da diagonal, traduzindo um crescimento da produção científica em publicações próximo do crescimento de investigadores e, portanto, com aproximadamente produtividade constante. Foi, aliás, essa a tendência de evolução que se verificou em Portugal no período 1990-96.

 

Figura 18.20 -Publicações Científicas relativamente a 1990 (eixo vertical) vs. Investigadores (ETI) relativamente a 1990 (eixo horizontal) [os pontos correspondem a dados de cada ano no período 1990-2000] (países da UE excepto Luxemburgo) (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

Além deste gráfico sublinhar o maior crescimento, tanto em publicações como em investigadores que se verificou em Portugal e na Grécia, destacadamente maior do que o dos países que se seguem imediatamente em crescimento (Espanha, Irlanda, Áustria), observa-se que Portugal evoluía a par com a Grécia ao longo da diagonal até 1996, altura a partir da qual a evolução nos dois países se afasta, com ganhos significativos de produtividade científica em Portugal, perca de produtividade na Grécia, Irlanda e Áustria, e produtividade constante na Espanha.

O aumento de produção científica internacionalmente competitiva que se verificou a partir de 1996 em Portugal, com ganhos elevados de produtividade, coincide com a introdução dos novos mecanismos de controlo de qualidade, nomeadamente pela adopção de procedimentos de avaliação internacional rigorosa, baseada nos princípios acima indicados, tanto de unidades de I&D como de projectos de investigação, que foram aplicados precisamente a partir de 1996.

A partir de 1996 houve em Portugal marcados ganhos de produtividade científica: a grande expansão do número de investigadores é acompanhada de um significativo aumento da produtividade científica, tanto em quantidade como em qualidade.



[1] Os projectos de investigação são avaliados des-de 1997 com base em três critérios sintéticos de mérito, concretizando uma perspectiva próxima da introduzida em 1996 pela National Science Found-ation dos EUA, quando decidiu passar a adoptar dois critérios de avaliação agregados, com o objec-tivo de contrariar a perspectiva numericista de gre-lhas de classificação com numerosos parâmetros e médias ponderadas que obscurecem as apreciações e perturbam a capacidade de expressão da aprecia-ção de qualidade por avaliadores competentes.