Publicações científicas

As considerações anteriores relativas à evolução da produtividade do sistema de ciência e tecnologia nacional em publicações científicas são particularmente importantes. Na verdade, o principal indicador de produção científica de um país, como adoptado pela OCDE, é o número de publicações referenciadas internacionalmente no Science Citation Index (SCI) do Institute of Scientific Information (ISI), Filadélfia - EUA.

O número de publicações registadas em todas as áreas científicas portuguesas aumentou, com excepção das Artes e Humanidades e das Ciências Sociais e Comportamentais, embora a produção destes grupos de áreas científicas não esteja bem representada no SCI.

Como se viu, o crescimento médio anual de publicações científicas de Portugal, no período 1995-2000 foi de 16%, Figura 18.6. Este crescimento foi mais do dobro do país da UE em segundo lugar e mais do quíntuplo da média da UE.

O crescimento médio anual de publicações científicas foi ainda o dobro do crescimento em investigadores (ETI), o qual se situou em 8% por ano no período indicado. Portanto, houve um muito elevado aumento da produtividade científica. Acontece, mesmo, que Portugal foi o único país da UE com significativo aumento de produtividade científica, Figura 18.8.

O elevado crescimento das publicações científicas de Portugal que se tem verificado resultou num aumento muito significativo da contribuição de Portugal para o total de publicações científicas mundiais citadas no SCI, a qual passou de 0,15% em 1990 para 0,4% em 1999, ilustrando um elevadíssimo aumento do impacto das publicações de Portugal no mundo, Figura 18.12, com contribuições diversas nas várias áreas científicas, Figura 18.13.

 

 

Figura 18.12 - Evolução anual da contribuição de Portugal (%) para as publicações científicas mundiais citadas no Science Citation Index. (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

 

Figura 18.13 - Contribuição de Portugal para o total de

publicações científicas mundiais citadas no Science Citation Index por áreas científicas (%), 1996-2000

(Fonte: ISI – Web of Knowledge)

O elevado crescimento de publicações científicas que se verificou tem sido acompanhado por um aumento de qualidade que pode ser ilustrado pela evolução do impacto médio das publicações em períodos de cinco anos (citações/publicações), o qual passou de 2,2 em 1990-94 para 2,6 em 1995-2000, Figura 18.14, com impactos médios diversos para as diferentes áreas científicas, Figura 18.15.

O total de publicações científicas portuguesas por ano tem vindo a aumentar gradualmente desde 1981, Figura 18.16. O grupo de áreas científicas com maior número de publicações, adoptando as subdivisões em grupos de áreas do SCI, é o de Física, Química e Ciências da Terra (inclui Matemática), registando 1.120 publicações em 2000. O grupo das Ciências da Vida acompanha o crescimento do grupo anterior, ainda que com valores absolutos ligeiramente inferiores, e com 836 publicações em 2000, Figura 18.17.

Apesar do muito elevado crescimento de publicações científicas portuguesas nos últimos anos, o número de publicações por milhão de habitantes ainda é muito baixo em Portugal, quando comparado com os restantes países da UE, Figura 18.6, o que está naturalmente relacionado com o número de investigadores em relação à população ser muito baixo comparado com a maioria dos outros países da UE, mas também traduz o grande atraso científico herdado, o qual só recentemente tem começado a ser superado.

 

 

Figura 18.14 - Impacto por publicação de Portugal (Citações/Publicações), períodos de 5 anos com sobreposições, 1990-94 a 1995-99. (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

Figura 18.15 - Impacto por publicação de Portugal (Citações/Publicações), períodos de 5 anos com sobreposições, 1990-94 a 1995-99 (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

É significativo que, dos países com produção em publicações científicas relativamente à população abaixo do valor dos EUA (Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha, Japão, França, Alemanha), se verifique que Grécia, Espanha e Irlanda tiveram aumentos de produção da ordem de metade de Portugal, enquanto Itália, Japão e Alemanha tiveram aumentos apenas ligeiramente superiores a um quarto de Portugal, França teve um aumento menor de um quinto de Portugal, e os EUA decresceram ligeiramente, Figuras 18.6 e 18.8.

A fracção de publicações científicas portuguesas em coautoria com investigadores de instituições de outros países, embora com oscilações naturais neste tipo de indicador, regista um aumento gradual ao longo do período entre 1981 e 2000, Figura 18.18. É significativa a diferença entre a percentagem de publicações em co-autoria em 1981, de 28%, e a registada em 2000, de 43%. Este facto ilustra a crescente participação dos cientistas portugueses no sistema científico internacional, através de uma muito elevada participação em publicações científicas em co-autoria com investigadores de instituições estrangeiras, o que pode ser uma vantagem competitiva numa altura de globalização. Os países com os quais houve mais publicações em co-autoria são, por ordem decrescente, Reino Unido, EUA, França, embora tenha também havido números significativos de publicações em co-autoria com outros países, Figura 18.19.

 

 

Figura 18.16 – Evolução do total de publicações de Portugal

por ano, 1981-2000 (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

Figura 18.17 – Evolução do nº de publicações por área científica,

1981-2000 (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

 

 

Figura 18.18 – Evolução da fracção das publicações totais que

são em co-autoria entre investigadores de instituições portuguesas

e estrangeiras, 1981-2000 (Fonte: ISI – Web of Knowledge)

Figura 18.19 – Evolução das publicações de co-autoria entre

investigadores de instituições portugueses e de países com os

quais existe maior número de publicações em coautoria,

1981-2000 (Fonte: ISI – Web of Knowledge)